Incêndio na Arkema: Lições Cruciais sobre Segurança de Processos e Desastres Naturais
O incêndio na planta química da Arkema em Crosby (vídeo), Texas, durante o furacão Harvey em 2017, é um exemplo impactante de como eventos climáticos extremos podem desencadear falhas catastróficas em instalações industriais. Este incidente revelou vulnerabilidades críticas nos sistemas de segurança e na preparação para emergências, oferecendo lições valiosas para a indústria química.
Breve Descritivo do Acidente:
A planta da Arkema, que produz peróxidos orgânicos usados na fabricação de bens de consumo, foi atingida por inundações sem precedentes causadas pelo furacão Harvey. Esses peróxidos precisam ser mantidos em baixa temperatura para evitar decomposição e incêndio. As fortes chuvas levaram ao colapso dos sistemas elétricos e de refrigeração da instalação. Apesar dos esforços iniciais da equipe de emergência para transferir os peróxidos para locais mais seguros e contêineres refrigerados, as inundações persistiram, e os sistemas de resfriamento falharam, resultando na decomposição e combustão dos produtos químicos. O incêndio e a liberação de fumaça tóxica levaram à evacuação de mais de 200 moradores e ao atendimento médico de 21 pessoas.
Principais Aprendizados:
Vulnerabilidade a Inundações: A instalação da Arkema estava localizada em uma planície de inundação, uma vulnerabilidade que não foi adequadamente avaliada. A análise de risco inicial não documentou o risco de inundações severas.
Falha dos Sistemas de Segurança: Os sistemas de segurança redundantes, como refrigeração e geradores de emergência, falharam devido a um ponto comum de falha: a inundação. A falta de camadas de proteção independentes resultou em uma perda total dos sistemas de resfriamento.
Necessidade de Planos de Contingência Robustos: Os planos de resposta a emergências da Arkema não foram adequados para um evento de inundação extrema. A equipe de resposta, embora tenha se esforçado para mover os peróxidos, não conseguiu lidar com a magnitude da inundação.
Importância da Análise de Riscos Abrangente: As empresas devem realizar análises de riscos abrangentes que considerem eventos climáticos extremos como enchentes, terremotos e ventos fortes. As análises devem avaliar a adequação das salvaguardas e a importância de medidas de proteção conservadoras.
Orientação da Indústria: Há uma necessidade de diretrizes mais robustas da indústria para ajudar as instalações de produtos químicos perigosos a se prepararem melhor para eventos climáticos extremos, que incluam medidas específicas e níveis de ação conservadores para proteger contra os perigos causados por grandes inundações8.
Comunicação e Resposta à Emergência: A comunicação entre a Arkema e os socorristas foi problemática, com uma estrada próxima que inicialmente foi mantida aberta, mesmo após a detecção de fumaça, expondo os socorristas a produtos químicos.
Principais Falhas Ocorridas:
Não Avaliação do Risco de Inundações: A Arkema não considerou adequadamente o risco de inundações severas durante a análise de perigo do processo. Embora um relatório de 2016 do segurador da Arkema tenha identificado o risco de inundações, nenhuma recomendação sobre inundações foi feita.
Dependência de um Ponto Único de Falha: Os sistemas de refrigeração e energia de emergência foram todos vulneráveis à inundação, demonstrando uma dependência excessiva de um único ponto de falha.
Falha na Prevenção: Embora a instalação tivesse sistemas de segurança em vigor, eles não eram suficientes para lidar com um evento extremo como o furacão Harvey.
Comunicação e Coordenação Ineficazes: A resposta à emergência foi prejudicada pela comunicação inadequada e pela falta de coordenação entre a Arkema e os socorristas.
Conclusão: O incêndio na Arkema serve como um lembrete crítico de que instalações de produtos químicos perigosos precisam estar preparadas para eventos climáticos extremos. As empresas precisam conduzir análises de risco abrangentes que considerem todos os perigos potenciais, implementar sistemas de segurança robustos e redundantes, desenvolver planos de resposta a emergências abrangentes, e garantir que a comunicação e a coordenação sejam eficazes durante eventos inesperados. É essencial que a indústria química tome medidas proativas e informadas para evitar que acidentes similares ocorram no futuro.